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segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Transplante lamelar de córnea – A mudança radical de um paradigma

A córnea é uma estrutura transparente localizada na superfície do olho que é completamente transparente e permite a passagem da luz de forma a que a imagem seja visualizada adequadamente no fundo ocular (retina). Quando ocorre perda da transparência da córnea, necessitamos de um transplante de córnea.

As doenças mais frequentes que necessitam de transplante de córnea são o queratocone em fase avançada (alteração da curvatura da córnea com adelgaçamento irregular), as distrofias corneanas, sendo a distrofia de Fuchs a mais frequente (situação bilateral, muitas vezes familiar, mais frequente em senhoras a partir da idade média de vida), que levam a uma diminuição progressiva da transparência da córnea e a queratopatia bolhosa, muitas vezes consequência de procedimentos cirúrgicos complicados após cirurgias de catarata e outras e que acarreta uma descompensação da córnea com diminuição da visão e, muitas vezes, dores.

O transplante de córnea é uma cirurgia que consiste em substituir uma córnea doente por uma córnea saudável proveniente de um dador com a finalidade de melhorar a visão no mais rápido espaço de tempo e com as menores complicações possíveis.

Por ano são realizados cerca de 700 transplantes de córnea em Portugal que podem ser de dois tipos: transplantes penetrantes (substituem toda a espessura da córnea), e que hoje se realizam cada vez menos, e os transplantes lamelares (substituem apenas a parte da córnea que se encontra lesada).

Os transplantes de córnea totais (penetrantes) estão associados a uma recuperação da acuidade visual demorada (muitas vezes superior a um ano e com refrações acentuadas), com necessidade de múltiplas consultas para remoção seletiva dos pontos e com uma frequência de complicações maior.

Os transplantes lamelares, fundamentalmente os posteriores da córnea, utilizados principalmente na distrofia de Fuchs e na queratopatia bolhosa, permitem unicamente a substituição do endotélio doente e constituíram um avanço significativo na rapidez, segurança e conforto da transplantação corneana, ao substituir apenas a camada da córnea afetada.

Esta técnica inovadora apresenta grandes vantagens em relação à penetrante, uma vez que reduz o tempo de cicatrização e recuperação permitindo uma recuperação de visão maior e mais rápida, exige menos consultas de seguimento, diminui a taxa de infecções e apresenta uma baixa taxa de rejeição da córnea transplantada, quando comparada com a técnica convencional.

Um dos objetivos destas técnicas cirúrgicas mais recentes é a obtenção de lamelas o mais finas possíveis de modo a possibilitar a mais rápida recuperação de visão.

Neste sentido, o nosso grupo desenvolveu uma técnica pioneira a nível mundial, em que obtém consistentemente e de forma segura, lamelas de córnea inferiores a 120 micras de espessura (DSAEK ultrafino com laser de Femtosegundo), que possibilitam uma recuperação de visão muito mais rápida. O laser de Femtosegundo, associado a uma maior segurança e predictabilidade, apresenta a grande vantagem de fazer incisões na córnea com profundidade e diâmetros desejados e com uma precisão jamais alcançada por outra técnica. Os resultados que obtemos, frequentemente com acuidade visual corrigida de 20/25 (oito décimos) ao 6º mês pós-operatório, sem perda de córneas durante a preparação dos enxertos nem falências primárias demonstram a segurança, predictabilidade e melhoria visual significativa que a técnica desenvolvida permite alcançar.

Trata-se verdadeiramente de uma mudança radical na forma de tratar doenças da córnea  frequentes, que outrora condenavam os doentes a processos de recuperação penosos e com resultados visuais muitas vezes dececionantes.

Autoria - Prof. Joaquim Neto Murta
Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra e coordenador da Unidade de Oftalmologia de Coimbra (Idealmed)

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Sintomas do Queratocone


Ceratocone  (do Grego: kerato - chifre, córnea; e konos - cone) é uma deformação da córnea, definida como ectasia não inflamatória degenerativa, que se caracteriza pelo progressivo adelgaçamento da região central da córnea.
Esta afecção é a distrofia mais comum da córnea, acometendo uma pessoa a cada 1.000, e normalmente inicia-se como miopia ou astigmatismo  ou ambos, podendo evoluir rapidamente, ou então, levar muitos anos para desenvolver-se. Costuma surgir na adolescência, por volta dos 16 anos de idade e dificilmente se desenvolve após os 30 anos. Normalmente ocorre assimetricamente, sendo que em 90% dos casos, acomete ambos os olhos; todavia, o diagnóstico da doença no segundo olho ocorre aproximadamente 5 anos após o diagnóstico no primeiro olho.

Não se conhece ao certo os achados clínicos e as associações não-oculares ligadas ao ceratocone, mas é conhecido que esta é uma doença hereditária. Pacientes alérgicos que possuem o hábito de coçar o olho apresentam mais chances de desenvolver o ceratocone no período da adolescência.

A manifestação clínica inicial relatada por pacientes com ceratocone é uma ligeira desfocagem de sua visão, momento em que procuram um profissional da área. Inicialmente, os sintomas podem ser os mesmos de qualquer outro defeito refrativo do olho. Ao passo que a doença progride, a visão vai se deteriorando, muito rapidamente em muitos casos. A acuidade visual fica prejudicada e a visão noturna normalmente é fraca. Há casos de pessoas que apresentam visão em um olho significativamente pior que no outro olho. Pode haver também o surgimento de fotofobia (sensibilidade à luz), astenopia que pode aparecer pelo ato de coçar os olhos ou por forçá-los durante a leitura. No entanto, essa afecção normalmente não causa dor.

O sintoma clássico do ceratocone é a poliopia monocular, que é a percepção de diversas imagens “fantasmas”. Este efeito é mais facilmente percebido em um campo de visão que apresenta alto contraste como, por exemplo, um ponto luminoso em um ambiente escuro. Nesse caso, pacientes com ceratocone percebem diversas imagens daquele ponto, espalhadas irregularmente. Alguns pacientes podem também apresentar diplopia monocular, ao invés de poliopia monocular, que é a percepção de imagem dupla.

O diagnóstico é relativamente fácil. Todavia, nas fases iniciais da afecção, este torna-se complicado, demandando uma detalhada história clínica, medidas de acuidade visual e refração, e ainda, exames complementares realizadas por instrumentação adequada. O exame de topografia corneana computadorizada fornece um diagnóstico mais detalhado da córnea, mostrando irregularidades presentes nesta. Também pode ser utilizados outros equipamentos para a detecção dessa afecção, como o biomicroscópio ou lâmpada de fenda, sendo que por meio desses o médico poderá observar diversos sinais clássicos do ceratocone.

O tratamento dessa afecção irá variar de acordo com a severidade do caso. A primeira tentativa de tratamento é feita por meio da correção óptica, havendo, inicialmente, uma correção satisfatória da miopia e do astigmatismo. Todavia, ao passo que a doença evolui, a visão é corrigida com maior eficácia por meio do uso de lentes de contato, que levam ao aplanamento da córnea e proporcionam uma visão adequada.

Caso haja intolerância ao uso das lentes de contato, ou estas não fornecem mais uma boa visão, recomenda-se o transplante de córnea. Contudo, mesmo após o implante, o uso de lentes de contato não é descartado.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ceratocone
http://www.vejam.com.br/node/16
http://www.boasaude.com.br/artigos-de-saude/3075/-1/ceratocone-doenca-decorrente-de-alteracao-genetica-tem-causa-desconhecida.html
http://www.imo.com.br/storage/pdf/Ceratocone.pdf
Foto: http://centrodavisao.com.br/html/patologias.html

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Cirurgia de Ceratocone Crosslinking

O Crosslinking é um tratamento indicado para pacientes com ceratocone progressivo, ou seja, com alta possibilidade de piorar com o tempo. O objetivo é tornar a córnea mais rígida, e com isso aplacar a evolução do ceratocone e evitar a degradação visual e até retardar a necessidade de um transplante de córnea.

O ceratocone é uma doença ocular que ainda não tem uma causa específica determinada. O tecido da córnea perde a estabilidade e começa a assumir um formato irregular, muitas vezes em cone. Com isso, a pessoa passa a não enxergar muito bem.

Em estágios iniciais, é possível corrigir a visão com óculos ou lentes de contato rígidas. Todavia há pacientes que não se adaptam as lentes ou apresentam uma progressão na doença, tornando a cirurgia de ceratocone crosslinking a melhor solução.

A Cirurgia de Ceratocone Crosslinking e feita com a aplicação de uma substância chamada riboflavina, isso, é claro, após a aplicação tópica da anestesia por meio de colírios. Depois, é aplicada Luz UVA, que ativa a substância e faz uma remodelagem da córnea.

Após a cirurgia, o paciente ainda vai precisar da ajuda de óculos ou lentes para correção de problemas refrativos, já que a cirurgia de ceratocone não tem essa atuação específica. Muitos pacientes conseguem alcançar a estagnação da doença, mas é importante observar que a Cirurgia de Ceratocone Crosslinking não é um procedimento definitivo. Com o tempo, o ceratocone pode voltar a evoluir.

Sendo assim, é muito importante continuar acompanhando o quadro após a cirurgia, para que o oftalmologista possa avaliar as medidas seguintes a serem tomadas. Também é importante seguir todas as orientações no pós-operatório, garantindo o sucesso da operação.

A Cirurgia de Ceratocone pode ser realizada com o Crosslinking e também com Anel de Ferrara. Baixe o e-book gratuito e saiba mais sobre os tratamentos do ceratocone.


domingo, 27 de julho de 2025

O que é o Ceratocone?


Se você tem ou conhece alguém que esteja com a visão borrada, embaçada e distorcida tanto na visão de perto quanto na visão de longe é bom prestar atenção. Sintomas como visão borrada, imagens fantasmas, presença de halos noturnos, diplopia (visão dupla) ou poliopia (percepção de várias imagens de um mesmo objeto), halos em torno das luzes, fotofobia (sensibilidade excessiva à luz) e coceira excessiva podem ser sintomas de uma doença ocular chamada Ceratocone, que é muito mais comum do que se imagina.

Muitos pacientes assustam-se com o diagnóstico de Ceratocone no consultório. Ao contrário do que se pensa, o Ceratocone é uma doença que pode ser controlável, e pode ser bem manuseada em suas diversas fases. As pessoas que possuem ceratocone não devem ficar apreensivas, pois geralmente são obtidos bons resultados com os vários tipos de abordagens. O Ceratocone é uma doença da córnea de etiologia discutida, hereditária, que acomete o adolescente ou adulto jovem e se caracteriza por um afinamento e deformação progressiva da córnea, transformando-a em uma córnea fina, o que leva ao aparecimento de miopia e elevado grau de astigmatismo  irregular e acentuada baixa da acuidade visual.  

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Ceratocone: conheça este distúrbio das córneas e os possíveis tratamentos


Dificuldades em enxergar mesmo com óculos, visão distorcida e coceira nos olhos são alguns sintomas desta doença silenciosa.

Consultas periódicas, uso de lentes rígidas e não coçar os olhos ajudam pessoas com ceratocone.

Poucas pessoas sabem, mas uma visão distorcida e borrada com imagens múltiplas e até halos em torno das luzes pode ser sinal de um distúrbio mais grave nos olhos conhecido como ceratocone.  Esta doença causa uma alteração no formato da córnea, aumentando sua curvatura e ocasionando a progressão do astigmatismo.

Esta disfunção na curvatura das córneas – que ficam em formato de cone – é gradativa e irreversível. O ceratocone provoca uma diminuição da qualidade visual, deixando a percepção de imagens embaçadas e distorcidas. “Indivíduos com familiares com ceratocone são mais propensos a ter essa alteração na córnea”, explica o oftalmologista Wesley Bonafe, do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Bonafe esclarece que o ceratocone costuma se manifestar no início da adolescência e, entre os principais sintomas, está dificuldade em enxergar, mesmo com o uso dos óculos. “Os portadores de ceratocone devem ser acompanhados de perto por um médico oftalmologista, com consultas frequentes para avaliar a evolução da doença”, analisa. 

Coceira nos olhos
Um dos principais conselhos dos médicos aos pacientes com ceratocone é evitar coçar os olhos. Esta ação pode aumentar a progressão da doença, piorando ainda mais a qualidade na visão. Por isso, a recomendação está no uso contínuo de colírios lubrificantes e antialérgicos que ajudam a evitar a coceira ocular. 

“O ato de coçar os olhos pode acelerar a degradação (afinamento) do estroma corneal. A córnea é divida em cinco camadas e o estroma é a camada mais grossa da córnea (cerca de 85% da espessura total). Assim acelerando a progressão do ceratocone”, explica Henock Borges Altoé, oftalmologista do Hospital Villa-Lobos.

Lentes especiais
Casos mais leves do ceratocone podem ser tratados com uso de óculos. Já as lentes de contato rígidas são indicadas para correções mais acentuadas da visão. “Como no ceratocone a córnea fica deformada e na maioria das vezes essa deformação não é regular, a lente de contato rígida quando adaptada sobre a córnea regulariza essa deformação, promovendo dessa forma uma visão mais nítida para o paciente”, analisa Altoé.

O oftalmologista ressalta que as lentes de contatos gelatinosas não conseguem regularizar a superfície da córnea porque são elaboradas com materiais maleáveis – o que mantém as irregularidades pré-existentes. “No entanto, em casos leves de ceratocone essa lente pode ser uma opção”, pondera. 

Não tem cura?
A única cura possível para o ceratocone é o transplante de córnea. Embora o astigmatismo e a miopia residuais ainda podem ser um problema.  “O transplante só é recomendado quando nenhum outro tratamento foi bem sucedido ou quando existe alguma opacidade na córnea que impeça a visão. É a última escolha de tratamento”, pondera o dr. Henock Borges Altoé. 

Além dos óculos e das lentes de contatos rígidas, o oftalmologista cita outros dois tratamentos possíveis para pessoas com ceratocone. O chamado Crosslinking, procedimento que utiliza a radiação de luz ultravioleta combinada a instilação de riboflavina. 

Este processo aumenta a rigidez do colágeno corneano, na tentativa de reduzir a progressão do ceratocone e até mesmo produzir uma leve melhora da curvatura inicial. E o implante de anel intraestromal, também conhecido como Anel de Ferrara, consiste na inserção de anéis transparentes, biocompatíveis e rígidos dentro da córnea na tentativa de reduzir sua curvatura. 

O oftalmologista Wesley Bonafe reforça que os portadores de ceratocone podem levar uma vida normal, desde que sejam acompanhados de perto e tenham a correta correção óptica. “Deve ter os cuidados com a manipulação da lente de contato para evitar complicações devido ao uso delas e sempre ter um óculos como opção”, explica. “Com as tecnologias atuais e a variedade de opções na adaptação correta de lente de contato rígida, a visão pode ser restaurada na maioria dos casos e os paciente manter uma vida normal”, completa. 

Informação retirada daqui

quarta-feira, 23 de julho de 2025

Ceratocone pode afetar a visão do adolescente

 Com o início da segunda década de vida, o indivíduo entra numa fase de transformações no organismo, próprias da puberdade. Entretanto, existe uma doença ocular que, normalmente, se manifesta entre os 10 e 20 anos de idade, chamada de ceratocone, cuja evolução pode levar à cegueira e necessidade de transplante da córnea.


"Considero que a população brasileira ainda não sabe muito sobre o ceratocone. Por isso, é importante falar sobre este problema, pois o diagnóstico precoce é fundamental para definir o tratamento e controlar a sua progressão”, ressalta a oftalmologista Adriana dos Santos Forseto (CRM-SP 75264), doutora em Oftalmologia pela UNIFESP e Diretora Médica do Banco de Olhos de Sorocaba.  

O ceratocone é uma doença na qual a córnea passa por um processo de mudança da curvatura e pode ser confundida com outras alterações oculares, porque afeta a qualidade visual.  Além da consulta oftalmológica de rotina, um dos exames básicos para seu diagnóstico é a topografia corneana com disco de Plácido. Essa doença envolve três aspectos críticos: é bilateral, assimétrica e progressiva, ou seja, costuma acometer os dois olhos, mas não evolui da mesma forma em cada um dos olhos com o passar dos anos e piora quando não é tratada ou fica sem acompanhamento especializado.

A combinação dessas características é importante para entender que um paciente pode viver muito tempo com um dos olhos muito bom, enquanto a doença vai avançando de maneira mais significativa no outro olho. É fundamental a consulta anual desde criança no oftalmologista, para evitar que, ao chegar em uma primeira consulta aos 16 anos, por exemplo, a doença já esteja em um nível muito avançado. Ao aparecer na adolescência, o ceratocone pode comprometer o desenvolvimento de uma pessoa que tem a vida inteira ainda pela frente”, alerta Dr. Marcony Santhiago (CRM-RJ  5275389-0), pesquisador e doutor em oftalmologia pela USP – Universidade de São Paulo, com pós-doutorado na área realizado nos Estados Unidos.

Fatores de risco para o ceratocone  
O ceratocone é uma doença que tem um componente transmissão genética, mas isso não quer dizer que todos os filhos, cujos pais têm ceratocone, vão manifestar o problema. Esse tipo de doença familiar deve ser informado ao oftalmologista, por se tratar de um fator de risco. O médico deverá ressaltar a importância de consultas mais frequentes e a realização de outros exames, além da topografia da córnea, como a tomografia e a paquimetria, ainda na infância. Desta forma, o oftalmologista consegue intervir para que o paciente não apresente problemas mais graves de visão ou sofra de uma perda visual significativa.

A alergia ocular também é um fator associado ao ceratocone. "No consultório, frequentemente vemos pacientes com ceratocone que apresentam quadro de conjuntivite alérgica e possuem o hábito de coçar os olhos, ato este muito relacionado à progressão da doença. Por isso, sempre orientamos pais e responsáveis a levarem a criança a uma consulta, quando ela coça muito os olhos, especialmente se tem algum caso de ceratocone na família”, completa Dra. Forseto.

Estudos mostram que o ato de coçar pode aumentar de maneira significativa a pressão intraocular, afastando ainda mais as fibras de colágeno da córnea, liberando citocinas inflamatórias, e ainda promovendo um ambiente favorável à colagenase (digestão das fibras de colágeno) e, consequentemente, a diminuição  de resistência da córnea, que fica mais suscetível a mudar sua curvatura.

Tratamentos para controlar a progressão e garantir a visão
Dr. Santhiago aponta que, atualmente, existe o crosslinking, uma forma de tratamento que interrompe a progressão do ceratocone, com taxa de eficiência de 98%. "Quando o paciente tem menos de 20 anos, eu já costumo indicar este procedimento cirúrgico que detém a progressão, que se chama crosslinking da córnea, pois os estudos científicos mostram que esta cirurgia interrompe a progressão da doença. Se o paciente tem mais de 20 anos, é importante documentar se ele apresenta uma progressão acelerada do ceratocone, manifesto por aumento de curvatura, afinamento da córnea, baixa visual ou aumento do grau de miopia presente, entre outros fatores”, completa.

Quando o ceratocone é considerado estável, o foco do tratamento pode ser melhorar a qualidade visual da pessoa com o uso de óculos corretivos ou de lentes de contato especiais. Além disso, se o paciente tem uma alteração de visão significativa, uma alternativa é o implante de um anel corneano intraestromal que, por meio de uma ação mecânica, promove um aplanamento da curvatura da córnea.

"Em situações nas quais não se opta pelo crosslinking de imediato, é primordial manter o acompanhamento próximo do paciente com ceratocone, principalmente naqueles menores de 30 anos de idade, com consultas a cada 6 meses, a fim de se documentar se há ou não a progressão da doença. É importante avaliar caso a caso, com o oftalmologista compartilhando as informações com a família. Além disto, atualmente temos várias opções de correção óptica, sendo o transplante de córnea muitas vezes postergado e até evitado.”, esclarece Dra Forseto.

Na maior parte dos pacientes que não faz algum tratamento ou acompanhamento do ceratocone, a doença vai progredindo num ritmo que varia de pessoa para pessoa. Nesta progressão, a córnea fica fina e abaulada, como um cone, podendo apresentar opacidade central, um estágio que não é reversível – a solução passa a ser apenas o transplante corneano.

Lembramos ainda que uma pessoa com ceratocone não deve realizar cirurgias refrativas com laser, porque este procedimento pode fragilizar ainda mais uma córnea já delicada. 

Como é o crosslinking
A cirurgia ocular com crosslinking promove uma alteração fotoquímica, que torna a córnea mais resistente, a partir da combinação de riboflavina, um reagente ativado pela ação da luz ultravioleta. Dr. Santhiago explica que na cirurgia é feita a remoção de uma fina camada epitelial. Na sequência, pinga-se um colírio com a riboflavina, que vai penetrar profundamente no estroma. Esta substância será ativada pela luz ultravioleta a fim de promover novas ligações covalentes entre as fibras de colágeno já existentes na córnea. Com isso, o crosslinking permite interromper a progressão da doença e leva a um remodelamento da córnea. De acordo com o especialista, estudos têm mostrado, inclusive, que o crosslinking tem contribuído não só para interromper a progressão da doença, mas também o aplanamento na córnea, durante o processo de cicatrização, um efeito também benéfico para o paciente com ceratocone.


Sobre ABCCR
A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CATARATA E CIRURGIA REFRATIVA (ABCCR) tem sua origem na incorporação da Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intraoculares (SBCII), fundada em 16 de março de 1982, pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Refrativa (SBCR), fundada em 20 de janeiro de 1985. A ABCCR visa congregar oftalmologistas, ampliar o estudo e acompanhar o desenvolvimento de todos os aspectos técnicos e científicos inerentes à cirurgia de catarata, aos implantes intraoculares e da cirurgia refrativa, propagando-os aos oftalmologistas e estendendo seus benefícios à comunidade.

Fonte: Sther Comunicação

segunda-feira, 21 de julho de 2025

Ceratocone, o que é e quais os principais tratamentos? Dr. Peter Ferenczy explica

O oftalmologista Dr. Peter Ferenczy foi o entrevistado nesta quarta-feira, dia 6, da Rádio Difusora. O integrante da equipe do Hospital de Olhos do Paraná falou sobre o ceracotone, doença ocular que causa deformação na córnea.  

O médico explicou o que é a doença, sintomas, tratamentos e avanços na área. Recentemente, o Dr. Peter foi o autor de pesquisa na área com grande repercussão nos Anais Brasileiros de Oftalmologia, um dos principais do país.

O estudo
O estudo do Dr. Peter publicado nos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia comprova que o crosslinking de colágeno corneano é eficaz na estabilização do ceratocone e evita a progressão da doença. Por suas características, é um dos tratamentos utilizados na melhora da visão desses pacientes.

A pesquisa teve as participações, ainda, dos seguintes médicos: Maiara Dalcegio, Marcela Koehler, Thiago Silveira Pereira, Hamilton Moreira, Luciane Bugmann Moreira.

Sobre o ceratocone
O Hospital de Olhos do Paraná possui uma Unidade Integrada de Ceratocone, que surgiu para incorporar avanços no tratamento, investir na pesquisa, informação e na orientação para pacientes, seus familiares e para a comunidade. A Unidade conta com todos os tratamentos destinados a corrigir as distorções provocadas na córnea pelo ceratocone. E destaca-se pela sua preocupação em investir, constantemente, em campanhas de esclarecimento.

Perguntas mais frequentes
O ceratocone causa cegueira?
O ceratocone não causa a cegueira. Existem várias opções de tratamento avançandas, que possibilitam o pleno resgate da qualidade visual do paciente mesmo nos casos mais graves da doença. Após o tratamento o paciente retoma plenamente suas atividades.

Qual a origem da doença?
A origem é incerta. Suspeita-se que o ceratocone seja de origem hereditária, mas isto não está confirmado. De qualquer forma, quem tem familiares portadores da doença devem ficar atentos.

Há tratamento para todos os casos?
Mais da metade dos portadores de ceratocone convivem bem com a doença, usando óculos de grau ou lentes de contato.

Qual a importância do acompanhamento da doença?
O acompanhamento constante da doença é importante, pois o Ceratocone é uma doença progressiva. Tanto o diagnóstico da doença como a verificação de sua progressão dependem de exames especiais, destacando-se a topografia da córnea (estudo da superfície), tomografia de córnea (estudo 3D), acuidade visual e refração (avaliação da óptica ocular).

Existe uma relação entre a conjuntivite e o ceracotone?
Não existe correlação entre conjuntivite e ceratocone. Ocorre que, parte dos portadores de ceratocone tem conjuntivite alérgica e, portanto, coceira nos olhos. No entanto é bom frisar que coçar os olhos não causa ceratocone.

Informação retirada daqui

sábado, 19 de julho de 2025

O que é o Ceratocone?


Ceratocone (do Grego: kerato- chifre, córnea; e konos cone), é uma doença não-inflamatória progressiva do olho na qual mudanças estruturais na córnea (que alteram sua biomecânica - resistência e elasticidade) a tornam mais fina e modificam sua curvatura normal (praticamente esférica) para um formato mais cónico. Este fenômeno de protrusão da área corneana afinada é chamado de ectasia (distensão) corneana. A principal consequência do Ceratocone é a diminuição da acuidade visual (visão) proveniente do astigmatismo irregular (distorção da imagem causada pela alteração da curvatura normal da córnea). Visão borrada, imagens fantasmas, sensibilidade à luz e presença de halos noturnos são os principais sintomas relatados pelos pacientes. Trata-se da distrofia mais comum da córnea, afetando 1 pessoa em cada 2.000, parecendo ocorrer em populações em todo o mundo, embora alguns grupos étnicos apresentam uma prevalência maior que outros. Costuma aparecer na adolescência e progredir até os 30-45 anos de vida, quando então estabiliza-se.

quinta-feira, 17 de julho de 2025

O que é o Ceratocone?


O ceratocone é uma doença que deixa a córnea menos rígida, fazendo com que ela ganhe progressivamente um formato de cone com consequente afinamento da sua espessura normal.
Como a córnea é a camada mais externa do olho, é uma lente natural responsável em focalizar as imagens na retina. A sua deformação deforma e dificulta a formação das imagens, causando astigmatismo irregular e miopia, que somente no início podem ser corrigidos por óculos.
Apesar de ser irreversível, essa condição tem tratamentos que ajudam não apenas na convivência com o problema, mas também a deter a sua progressão. 

domingo, 13 de julho de 2025

Queratocone: O que é, causas e tratamentos

O queratocone (ou ceratocone) é uma doença ocular que faz com que a córnea  ganhe a forma de um cone. O seu nome deriva do grego (keratokonus) que significa literalmente “córnea cone”.

O queratocone é uma doença não inflamatória. Apesar de se desconhecerem as suas causas, julga-se que pode advir de uma combinação de alguns fatores, como genéticos, ambientais (como as alergias) e hormonais. 

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Querotoplastias Lamelares

As Queratoplastias Lamelares podem ser de dois tipos:

Querotoplastias Lamelares Posteriores Endoteliais (DSAEK, DSEK, DMEK, DMAEK)

Permitem nos casos em que a doença corneana está limitada à sua camada celular mais profunda, denominada Endotélio (Distrofia Endotelial de Fuchs e Descompensação Endotelial após Cirurgia de Catarata), transplantar apenas a camada doente através de uma pequena incisão. Desta forma, a recuperação de acuidade visual é muito mais rápida, ou seja, semanas em vez de meses, como acontece nos tradicionais Transplantes/Queratoplastias Penetrantes.

Queratoplastias Lamelares Anteriores Profundas (DALK, ALK)

Nas situações inversas, em que a Córnea se encontra deformada (Queratocone e Ectasia) ou opacificada (Máculas e Leucomas) e em que o Endotélio está saudável, há toda a vantagem em o preservar, substituindo só as camadas alteradas. Esta técnica pode ser assistida pelo Laser Femtosegundo.

sábado, 5 de julho de 2025

Como se faz o diagnóstico de ceratocone ?


A identificação de um ceratocone moderado ou avançado é razoavelmente fácil. Entretanto, o diagnóstico de ceratocone em suas fases iniciais torna-se mais difícil, requerendo uma cuidadosa história clínica, medidas da acuidade visual e refração, e ainda exames complementares realizados por instrumentação especializada. Geralmente, pacientes com ceratocone têm modificações frequentes nas prescrições dos seus óculos em curto período de tempo e, além disso, os óculos já não fornecem uma correção visual satisfatória. As refrações são frequentemente variáveis e inconsistentes. Pacientes com ceratocone freqüentemente relatam diplopia ( visão dupla ) ou poliopia ( visão de vários objetos ) naquele olho afetado, e queixam-se de visão borrada e distorcida tanto para visão de longe quanto para perto. Alguns referem halos em torno das luzes e fotofobia ( sensibilidade anormal à luz ).

Muitos sinais objetivos estão presentes no ceratocone. A retinoscopia mostra reflexo “em tesoura”. Com o uso do oftalmoscópio direto percebe-se um sombreamento. O ceratômetro também auxilia no diagnóstico. Os achados ceratométricos iniciais são ausência de paralelismo e inclinação das miras. Estes achados podem ser facilmente confundidos nos casos de ceratocone incipiente.

A redução da acuidade visual em um olho, devido à doença assimétrica no outro olho, pode ser um indício precoce de ceratocone. Este sinal é freqüentemente associado com astigmatismo oblíquo.

A topografia corneana computadorizada ou fotoceratoscopia pode fornecer um exame mais acurado da córnea e mostrar irregularidades de qualquer área da córnea. O ceratocone pode resultar em um mapa corneano extremamente complexo e irregular, tipicamente mostrando áreas de irregularidades inferiormente em forma de cone, o qual pode assumir diferentes formas e tamanhos. (Veja figura 4)

O diagnóstico de ceratocone também pode ser feito através do biomicroscópio ou lâmpada de fenda. Através deste instrumento o médico poderá observar muitos dos sinais clássicos do ceratocone:

• Anéis de Fleischer: anel de coloração amarelo-amarronzada a verde-oliva, composto de hemossiderina depositada profundamente no epitélio circundando a base do cone.

• Linhas de Vogt: são pequenas estrias semelhantes a cerdas de pincel, geralmente verticais embora possam ser oblíquas, localizadas na profundidade do estroma corneano.

• Afinamento corneano: um dos critérios propostos para o diagnóstico de ceratocone é o afinamento corneano significante maior que 1/5 da espessura da córnea. À medida que a doença progride o cone é deslocado inferiormente. O ápice do cone é geralmente a área mais afinada.

• Cicatrizes corneanas: geralmente não são vistas precocemente, porém com a progressão da doença ocorre ruptura da membrana de Bowman, a qual separa o epitélio do estroma corneano. Opacidades profundas da córnea não são incomuns no ceratocone.

• Manchas em redemoinho: podem ocorrer naqueles pacientes que nunca tenham usado lentes de contato.

• Hidropsia (Veja figura 5): ocorre geralmente nos casos avançados, quando há ruptura da membrana de Descemet e o humor aquoso flui para dentro da córnea tornando-a edemaciada. Quando isso ocorre o paciente relata perda visual aguda e nota-se um ponto esbranquiçado na córnea. Hidropsia causa edema e opacificação. Caso a membrana de Descemet se regenere o edema e a opacificação diminuem. Pacientes com síndrome de Down têm maior incidência de hidropsia. O ato de coçar e friccionar os olhos deve ser evitado nestes pacientes.

• Sinal de Munson: este sinal ocorre no ceratocone avançado quando a córnea protui o suficiente para angular a pálpebra inferior quando o paciente olha para baixo.

• Reflexo luminoso de Ruzutti: um reflexo luminoso projetado do lado temporal será deslocado além do sulco limbar nasal quando um alto astigmatismo e córnea cônica estão presentes.

• Pressão Intra-ocular reduzida: uma baixa pressão intra-ocular geralmente é encontrada como resultado do afinamento corneano e/ou redução da rigidez escleral.

Como se classifica o ceratocone ?

O ceratocone pode ser classificado conforme sua curvatura ou de acordo com a forma do cone:

• Baseado na severidade da curvatura:
- Discreto: < 45 dioptrias em ambos os meridianos. - Moderado: entre 45 a 52 dioptrias em ambos os meridianos. - Avançado: > 52 dioptrias em ambos os meridianos.
- Severo: > 62 dioptrias em ambos os meridianos.

• Baseado na forma do cone:
- Pequeno monte: forma arredondada, com diâmetro pequeno em torno de 5 mm.
- Oval: geralmente deslocado inferiormente, com diâmetro > 5 mm. É o tipo mais comumente encontrado no exame de topografia corneana.
- Globoso: quando 75 % da córnea está afetada, possui diâmetro maior que 6 mm. É também chamado ceratoglobo, e é o tipo mais difícil para se adaptar lentes de contato.

terça-feira, 1 de julho de 2025

Quais são as causas?


A etiologia proposta para o ceratocone inclui mudanças físicas, bioquímicas e moleculares no tecido corneano, entretanto nenhuma teoria explica completamente os achados clínicos e as associações oculares e não-oculares relacionadas ao ceratocone.

É possível que o ceratocone seja o resultado final de diferentes condições clínicas. Já é bem conhecida a associação com doenças hereditárias, doenças atópicas (alérgicas), certas doenças sistêmicas, e o uso prolongado de lentes de contato.

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Ceratocone: Doença Decorrente de Alteração Genética Tem Causa Desconhecida

Com causa desconhecida e afetando, principalmente, pessoas na faixa etária entre 10 e 20 anos, o ceratocone é uma doença oftalmológica cujos danos à visão do paciente podem acarretar – em estágios avançados – cirurgias de transplante de córnea. Segundo o Dr. Flávio Pimenta, a doença causa uma baixa progressiva na qualidade de visão do paciente.

“A visão vai ficando mais embaçada, causando astigmatismo e/ou miopia”, comenta o oftalmologista recomendando que as pessoas realizem – a partir dos quatro anos de idade – o exame oftalmológico anual para a detecção precoce dos sintomas, pois tendo origem em uma alteração genética, esta patologia merece acompanhamento próximo para se designar o tratamento adequado.

Mesmo sendo detectada com antecedência, o ceratocone acaba evoluindo. “Esta patologia pode avançar em questão de anos ou de meses. Cada organismo terá uma evolução diferente da doença”.

O tratamento se divide em três estágios: em um primeiro instante com lentes corretivas (óculos); depois acontece a opção por lentes de contato rígidas e em último caso – quando a doença já atingiu um grau avançado – é feito o transplante de córnea que tem tido prognóstico satisfatório. O especialista ressalta que a intervenção cirúrgica não pode ser feita nas fases iniciais da doença: “O risco cirúrgico na fase inicial é maior”.

Mitos

Alguns mitos cercam esta patologia como o de que coçar os olhos podem causar ceratocone. De acordo com o oftalmologista, quem tem esta doença costuma ter conjuntivite alérgica (coceira nos olhos), mas nem todas as pessoas que tem conjuntivite alérgica têm ceratocone.

“Não existe nenhuma ligação – comprovada cientificamente – entre a conjuntivite alérgica e o ceratocone que é uma doença relativamente desconhecida no que diz respeito às suas causas”.

Comparando o olho humano com um relógio, a córnea poderia ser interpretada como sendo o “vidro do relógio”. Ela se localiza na parte mais externa do olho e é responsável pela forma do mesmo. “Sua principal função é dar qualidade à visão.

Por isto, qualquer opacidade ou mudança de forma como a acarretada pelo ceratocone acarreta prejuízo visual”. O oftalmologista informa que esta doença – uma ectasia corneana – produz uma alteração na forma da córnea que assume a forma de um cone. “É uma doença bilateral – atinge os dois olhos – mas nem sempre é simétrica. A pessoa pode manifestar os sintomas em um olho e depois no outro”.

Transplante

A grande dificuldade enfrentada pelos oftalmologistas hoje em dia em relação ao transplante de córnea para tratamento de ceratocone consiste em encontrar doadores. “O transplante é fácil e a captação do órgão também. Até seis horas após o óbito, nós podemos retirar a córnea. O problema é a doação”, afirma o especialista. Segundo ele, não é necessária internação, mas o paciente passa por um rigoroso acompanhamento ambulatorial e o ponto é retirado um semestre após a cirurgia.

“Este ponto não prejudica a visão e o resultado visual é muito melhor. Quanto à rejeição, sempre existe o perigo, mas não é grande comparado a outros tipos de transplante”, ressalta o médico. Após o período de acompanhamento ambulatorial, caso não haja nenhuma manifestação de rejeição, o paciente só necessitará do check-up oftalmológico anual – como qualquer outra pessoa. “Após o transplante, o ceratocone não volta a importunar a vida do paciente”.

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segunda-feira, 16 de junho de 2025

Diagnóstico e evolução


Em sua fase inicial o ceratocone apresenta-se como um astigmatismo irregular levando o paciente a trocar o grau de astigmatismo com muita freqüência, podendo haver aumento ou redução. O diagnóstico definitivo de ceratocone é feito com base nas características clínicas e com exames objetivos como a topografia corneana (exame que mostra em imagem o formato preciso da córnea). O ceratocone pode ser diagnosticado como de grau I (incipiente), grau II (moderado), grau III (alto) e grau IV (avançado), entretanto atualmente alguns especialistas consideram também grau V (extremo). A morfologia do cone pode ser nipple (pequeno: 5 mm. e próximo ao centro da córnea, oval (mais largo, inferior), ou global (mais de 75% da córnea é afetada).
Na grande maioria dos casos o problema surge na adolescência, podendo evoluir, em geral, até aos 40 (quarenta) anos. Em cerca de 95% dos casos, a estabilização do ceratocone ocorre entre os 30 e 40 anos A evolução do ceratocone é geralmente progressiva, mas não existe um padrão que possa ser adotado. Recomenda-se que sejam feitas visitas periódicas ao especialista para que se possa fazer um acompanhamento detalhado. O paciente deverá ler uma Tabela de Snellen com optotipos em ordem decrescente de tamanho, para que seja avaliada a sua acuidade visual. O exame inicial é pode ser feito através de exame de ceratometria manual, com a presença de astigmatismo irregular. Casos avançados podem exceder a capacidade deste equipamento de medir a curvatura e astigmatismo corneano. Com o uso da lâmpada de fenda (biomicroscópio), o especialista poderá avaliar a córnea e investigar a presença de sinais de ectsia corneana. No ceratocone, a presença de sinais como um anel de pigmentação marrom-amarelado ou verde-oliva, encontrado em torno da metade dos olhos com ceratocone, chamado de Fleischer ring, é causado pelo depósito de óxido de ferro no epitélio corneano, nem sempre detectável, mas possível de ver sob a luz de cobalto. Similarmente, em torno de 50% dos casos há a presença de estrias de Vogt's, finas linhas de estrias ao longo da córnea devido ao seu afinamento e esticamento. Um ceratocone altamente pronunciado, pode criar uma identação da pálpebra inferior em forma de V quando o paciente olha para baixo, conhecido como sinal de Munson.
Um fator que tem contribuido cada vez mais para o diagnóstico precoce do ceratocone é a popularização da cirurgia refrativa, que muitos pacientes procuram para tratar miopia e astigmatismo, pois estes pacientes são orientados a fazer um exame prévio de videoceratoscopia da córnea (topografia computadorizada da superfície da córnea). Os exames mais modernos de topografia da córnea mostram, além dos mapas topográficos, valores paquimétricos (espessura da córnea) e mapas de elevação, os quais ajudam a diagnosticar o ceratocone inicial quando há apenas a suspeita, e assim contra-indicar a cirurgia refrativa nos casos de paquimetria inferiores a 600 μm (micras).
Os modernos equipamentos de topografia de córnea (videoceratoscopia) proporcionam dados extremamente precisos, como:
Espessura corneana paquimetria de inicial (> 506 μm) a avançada (< 446 μm)
Mapas de elevação anterior e posterior da córnea
Ceratometria em diversos pontos da córnea (principais meridianos e média ceratométrica)
Posição do cone em relação ao centro visual e ao centro geométrico da córnea
Eixos dos valores mais curvo e mais plano da córnea

quinta-feira, 12 de junho de 2025

O que é?

 O Queratocone é uma doença ocular comum, mas desconhecida para muitos. Esta palavra é composta de duas palavras gregas: querato ", que significa córnea e" Konos "para indicar cone.


O ceratocone é uma doença degenerativa da córnea devido à fraqueza e emagrecimento da estrutura que perde a sua forma curva e se tornar uma espécie de cone progressivo. Por esta razão, o paciente tem dificuldade na sua visão.

Numa pessoa com visão normal (20/20) a sua córnea é a primeira lente do sistema visual, é  a membrana anterior transparente e o revestimento externo do globo ocular. É transparente, porque as fibras colágenas são paralelas. Permite a refração e transmissão da luz,  actua como uma lente biológica. Num olho saudável, a curva da córnea é como uma cúpula.
A córnea é responsável por cerca de 80% da capacidade de dioptria e seu grau de curvatura depende da ocorrência da maioria dos erros refrativos oculares como miopia, astigmatismo e ceratocone hipermetreopía. A doença tem três estados: leve (grau 1), moderado (grau 2) e grave (grau 3). 

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Transplante de Córnea

Casos em que o Ceratonone piore ao ponto onde a correção visual não pode ser mais atingida com óculos e lentes de contato, o afinamento da córnea se torna excessivo, ou cicatrizes corneanas resultantes do uso de lentes de contato tornam-se um problema frequente ou exista a presença de leucoma (opacificação corneana) importante, o Transplante de Córnea se torna necessário.

O Transplante de córnea é o mais bem sucedido entre os transplantes de órgãos sólidos na Medicina. Ceratocone é uma das principais causas de transplante de córnea no Brasil, mas quando adequadamente tratados, menos que 10% dos ceratocones evoluem para transplante.

O Ceratocone está entre as indicações de transplante de córnea com melhor prognóstico. Entretanto, é uma “nova vida” para o paciente e deve ser considerado como última opção.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

O que é ceratocone ?


O que é ceratocone ?
Ceratocone é uma ectasia corneana não inflamatória e auto-limitada, caracterizada por um afinamento progressivo da porção central da córnea. À medida que a córnea vai se tornando afinada o paciente percebe uma baixa da acuidade visual, a qual pode ser moderada ou severa, dependendo da quantidade do tecido corneano afetado.
Muitas pessoas não percebem que têm ceratocone porque este inicia-se insidiosamente como uma miopização e astigmatismo no olho. Esta patologia ocular pode evoluir rapidamente ou em outros casos levar anos para se desenvolver. Esta doença pode afetar severamente nossa forma de perceber o mundo, incluindo tarefas simples como dirigir, assistir TV ou ler um livro.

O ceratocone inicia-se geralmente na adolescência, em média por volta dos 16 anos de idade, embora tenha sido relatado casos de início aos 6 anos de idade. Raramente o ceratocone desenvolve-se após os 30 anos de idade. O ceratocone afeta Inícions e mulheres em igual proporção e em 90 % dos casos afeta ambos os olhos. Em geral a doença desenvolve-se assimetricamente: o diagnóstico da doença no segundo olho ocorre cerca de 5 anos após o diagnóstico no primeiro olho. A doença progride ativamente por 5 a 10 anos, e então pode estabilizar-se por muitos anos. Durante o estágio activo as mudanças podem ser rápidas.

Em um estágio precoce da doença a perda de visão pode ser corrigida pelo uso de óculos; mais tarde o astigmatismo irregular requer correção óptica com o uso de lentes de contacto rígidas. Lentes de contacto rígidas promovem uma superfície de refração uniforme e além disso melhoram a visão.
O exame oftalmológico deve ser realizado anualmente ou mesmo mais frequentemente para monitorar a progressão da doença. Embora muitos pacientes possam continuar lendo e dirigindo, alguns sentirão que a qualidade de vida é adversamente afetada. Cerca de 20 % dos pacientes eventualmente irão necessitar de transplante corneano.


Qual é a etiologia do ceratocone ?
A etiologia proposta para o ceratocone inclui mudanças físicas, bioquímicas e moleculares no tecido corneano, entretanto nenhuma teoria explica completamente os achados clínicos e as associações oculares e não-oculares relacionadas ao ceratocone.
É possível que o ceratocone seja o resultado final de diferentes condições clínicas. Já é bem conhecida a associação com doenças hereditárias, doenças atópicas ( alérgicas ), certas doenças sistêmicas, e o uso prolongado de lentes de contacto.
São encontradas diversas anormalidades bioquímicas e moleculares no ceratocone:

há um processo anormal dos radicais livres e superóxidos no ceratocone;
há um crescimento desorganizado dos aldeídos ou peroxinitritos nestas córneas;
as células que são irreversivelmente danificadas sofrem um processo de apoptose;
as células que são danificadas reversivelmente sofrem um processo de cicatrização ou reparo. Neste processo de reparação, várias enzimas degradativas e fatores reguladores da cicatrização levam a áreas focais de afinamento corneano e fibrose.

Quais são as estatísticas sobre o ceratocone? [Fonte: Nova Contact Lenses]
incidência na população geral: varia de 0,05 % a 0,5 % * distribuição conforme a faixa etária: *
08 a 16 anos: 2,1 %
17 a 27 anos: 25,9 %
27 a 36 anos: 35,6 %
37 a 46 anos: 20,1 %
47 a 56 anos: 11,7 %
57 a 66 anos: 3,0 %
67 a 76 anos: 1,5 %

distribuição conforme o sexo: *
feminino: 38 %
masculino: 62 %
classificação quanto ao tipo do cone:
oval: 60 %
pequeno monte: 40 %
globoso: menos de 1 %

Como se faz o diagnóstico de ceratocone ?
A identificação de um ceratocone moderado ou avançado é razoavelmente fácil. Entretanto, o diagnóstico de ceratocone em suas fases iniciais torna-se mais difícil, requerendo uma cuidadosa história clínica, medidas da acuidade visual e refração, e ainda exames complementares realizados por instrumentação especializada. Geralmente, pacientes com ceratocone têm modificações frequentes nas prescrições dos seus óculos em curto período de tempo e, além disso, os óculos já não fornecem uma correção visual satisfatória. As refrações são frequentemente variáveis e inconsistentes. Pacientes com ceratocone frequentemente relatam diplopia ( visão dupla ) ou poliopia ( visão de vários objectos ) naquele olho afetado, e queixam-se de visão borrada e distorcida tanto para visão de longe quanto para perto. Alguns referem halos em torno das luzes e fotofobia ( sensibilidade anormal à luz ).

Muitos sinais objetivos estão presentes no ceratocone. A retinoscopia mostra reflexo "em tesoura". Com o uso do oftalmoscópio directo percebe-se um sombreamento. O ceratômetro também auxilia no diagnóstico. Os achados ceratométricos iniciais são ausência de paralelismo e inclinação das miras. Estes achados podem ser facilmente confundidos nos casos de ceratocone incipiente.
A redução da acuidade visual em um olho, devido à doença assimétrica no outro olho, pode ser um indício precoce de ceratocone. Este sinal é frequentemente associado com astigmatismo oblíquo.

A topografia corneana computadorizada ou fotoceratoscopia pode fornecer um exame mais acurado da córnea e mostrar irregularidades de qualquer área da córnea. O ceratocone pode resultar em um mapa corneano extremamente complexo e irregular, tipicamente mostrando áreas de irregularidades inferiormente em forma de cone, o qual pode assumir diferentes formas e tamanhos.

O diagnóstico de ceratocone também pode ser feito através do biomicroscópio ou lâmpada de fenda. Através deste instrumento o médico poderá observar muitos dos sinais clássicos do ceratocone:
Anéis de Fleischer: anel de coloração amarelo-amarronzada a verde-oliva, composto de hemossiderina depositada profundamente no epitélio circundando a base do cone.
Linhas de Vogt: são pequenas estrias semelhantes a cerdas de pincel, geralmente verticais embora possam ser oblíquas, localizadas na profundidade do estroma corneano.
Afinamento corneano: um dos critérios propostos para o diagnóstico de ceratocone é o afinamento corneano significante maior que 1/5 da espessura da córnea. À medida que a doença progride o cone é deslocado inferiormente. O ápice do cone é geralmente a área mais afinada.
Cicatrizes corneanas: geralmente não são vistas precocemente, porém com a progressão da doença ocorre ruptura da membrana de Bowman, a qual separa o epitélio do estroma corneano. Opacidades profundas da córnea não são incomuns no ceratocone.
Manchas em redemoinho: podem ocorrer naqueles pacientes que nunca tenham usado lentes de contacto.
Hidropsia: ocorre geralmente nos casos avançados, quando há ruptura da membrana de Descemet e o humor aquoso flui para dentro da córnea tornando-a edemaciada. Quando isso ocorre o paciente relata perda visual aguda e nota-se um ponto esbranquiçado na córnea. Hidropsia causa edema e opacificação. Caso a membrana de Descemet se regenere o edema e a opacificação diminuem. Pacientes com síndrome de Down têm maior incidência de hidropsia. O acto de coçar e friccionar os olhos deve ser evitado nestes pacientes.
Sinal de Munson: este sinal ocorre no ceratocone avançado quando a córnea protui o suficiente para angular a pálpebra inferior quando o paciente olha para baixo.
Reflexo luminoso de Ruzutti: um reflexo luminoso projetado do lado temporal será deslocado além do sulco limbar nasal quando um alto astigmatismo e córnea cônica estão presentes.
Pressão Intra-ocular reduzida: uma baixa pressão intra-ocular geralmente é encontrada como resultado do afinamento corneano e/ou redução da rigidez escleral.


Como se classifica o ceratocone ?
O ceratocone pode ser classificado conforme sua curvatura ou de acordo com a forma do cone:
Baseado na severidade da curvatura:
Discreto: < 45 dioptrias em ambos os meridianos. Moderado: entre 45 a 52 dioptrias em ambos os meridianos. Avançado: > 52 dioptrias em ambos os meridianos.
Severo: > 62 dioptrias em ambos os meridianos.
· Baseado na forma do cone:
Pequeno monte: forma arredondada, com diâmetro pequeno em torno de 5 mm.
Oval: geralmente deslocado inferiormente, com diâmetro > 5 mm. É o tipo mais comumente encontrado no exame de topografia corneana.
Globoso: quando 75 % da córnea está afetada, possui diâmetro maior que 6 mm. É também chamado ceratoglobo, e é o tipo mais difícil para se adaptar lentes de contacto.


Quais são as opções de tratamento disponíveis para o ceratocone ?
O tratamento do ceratocone depende da severidade da condição.

1. Correção óptica:
Inicialmente, os óculos corrigem satisfatoriamente a miopia e astigmatismo. Entretanto, à medida que a doença progride a visão não é mais adequadamente corrigida e requer o uso de lentes de contacto rígidas para promover o aplanamento corneano e fornecer uma visão satisfatória. Tardiamente, quando as lentes de contacto não fornecem boa visão ou há intolerância ao uso das lentes de contacto, está indicado o transplante de córnea.

2. Tratamentos cirúrgicos:
Vários tipos de tratamentos cirúrgicos têm sido propostos para casos de ceratocone:

Ceratoplastia penetrante: o transplante de córnea é o tratamento mais comumente realizado. Neste procedimento a córnea com ceratocone é removida e então a córnea do doador é recolocada e suturada no receptor. Lentes de contacto são geralmente necessárias para fornecer uma melhor acuidade visual.
Ceratoplastia lamelar: a córnea é removida na profundidade do estroma posterior, e um botão de córnea doada é suturado no local. Tal técnica é mais difícil de ser executada e a acuidade visual é inferior àquela obtida com a ceratoplastia penetrante. As desvantagens da técnica incluem vascularização e embaçamento do enxerto.
Excimer laser: recentemente este laser tem sido usado em situações específicas com algum sucesso na remoção de placas de córnea central. Contudo o LASIK é ainda um procedimento experimental e não está claro se é apropriado para o tratamento do ceratocone.
Intacs (Anel de Ferrara no Brasil): este novo procedimento, recentemente aprovado pelo FDA ( Food and Drugs Administration ), envolve um implante de um disco plástico entre as camadas da córnea com a finalidade de aplaná-la e trazê-la à sua forma natural. Todavia os Intacs têm sido utilizados somente nos casos de discreta baixa acuidade visual para perto. Diferentemente dos transplantes, os Intacs corrigem imediatamente a baixa visual do paciente com ceratocone. Outros benefícios incluem o rápido retorno às actividades cotidianas em poucos dias e uma visão mais natural em relação àquela fornecida pelo transplante de córnea. Os Intacs são desenhados para permanecerem no olho, embora possam ser retirados, caso seja necessário. O candidato ideal ao procedimento com Intac é aquele incapaz de usar óculos ou lentes de contacto, e com poucas alterações corneanas.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Transplante Lamelar de Córnea ou Ceratoplastia lamelar profunda (DALK)

Os resultados são excelentes em pacientes com ceratocone, com uma taxa de sucesso superior a 90%.

Segundo o Dr.Gustavo Bonfadini, especialista nesta técnica cirúrgica e desenvolvedor de material cirúrgico para melhorar o resultado desta técnica: “O transplante lamelar profundo é realizado, preservando-se a camada interior da córnea – chamada de endotélio. Essa técnica é importante, por diminuir a probabilidade de rejeição e melhorar os resultados quando comparada a técnica cirúrgica tradicional (Transplante Penetrante).”

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Sintomas do Ceratocone


Os sintomas apresentados pelo paciente com Ceratocone no início da doença são desconforto visual, dor de cabeça, fotofobia, baixa da acuidade visual e troca freqüente das lentes dos óculos. Nas fases mais adiantadas a correção visual com óculos já não resolve e as lentes de contato passam a ser a opção para correção da visão. Entretanto a tolerância às lentes é baixa e a adaptação às mesmas é difícil e às vezes, impossível.

O Ceratocone tem associação freqüente com alergia e o prurido ocular pode ser o gatilho que desencadeia a doença. Em geral, quanto mais precoce o aparecimento da doença, pior o prognóstico. Até há poucos anos o tratamento do Ceratocone consistia na prescrição de óculos ou lentes de contato e quando estes métodos não mais surtiam efeito, o Transplante de Córnea era a única solução possível. Atualmente, com o surgimento do “Cross-Link” do colágeno de córnea e do implante de Anéis Intra-corneanos (Kerarings ®, Anel de Ferrara ® ou Intacs ®), é possível recuperar estes pacientes ainda nas fases iniciais, postergando ou eliminando a necessidade do Transplante de Córnea

O Ceratocone provoca afinamento e deformação da córnea, tornando-a pontuda em formato de cone, gerando diminuição da visão e distorção das imagens, por isso, muitas vezes é diagnosticado erroneamente como miopia ou astigmatismo irregular (distorção da imagem causada pela alteração da curvatura normal da córnea). É uma doença de evolução lenta, geralmente bilateral e de causa desconhecida, que se inicia entre 10 e 22 anos de idade, evoluindo até 35 a 40 anos.
Por isso, ao verificar estes sintomas, o oftalmologista deve solicitar exame de imagem como a Topografia de córnea, (direcionar para a página dos exames, com o cursor na altura do exame: topografia de córnea) que irá fornecer informações adicionais, ajudando em um diagnóstico mais preciso. O diagnóstico inicial vai ser acompanhado da necessidade de usar óculos. Num segundo momento, quando os óculos já não corrigem suficientemente, passa-se para o uso de lentes de contato rígidas.  

segunda-feira, 26 de maio de 2025

O que é ceratocone?


Ceratocone é uma ectasia corneana não inflamatória e auto-limitada, caracterizada por um afinamento progressivo da porção central da córnea. À medida que a córnea vai se tornando afinada o paciente percebe uma baixa da acuidade visual, a qual pode ser moderada ou severa, dependendo da quantidade do tecido corneano afetado.

Muitas pessoas não percebem que tem ceratocone porque este inicia-se insidiosamente como uma miopização e astigmatismo no olho. Esta patologia ocular pode evoluir rapidamente ou em outros casos levar anos para se desenvolver. Esta doença pode afetar severamente nossa forma de perceber o mundo, incluindo tarefas simples como dirigir, assistir TV ou ler um livro.

O ceratocone inicia-se geralmente na adolescência, em média por volta dos 16 anos de idade, embora tenha sido relatado casos de início aos 6 anos de idade. Raramente o ceratocone desenvolve-se após os 30 anos de idade. O ceratocone afeta homens e mulheres em igual proporção e em 90 % dos casos afeta ambos os olhos. Em geral a doença desenvolve-se assimetricamente: o diagnóstico da doença no segundo olho ocorre cerca de 5 anos após o diagnóstico no primeiro olho. A doença progride ativamente por 5 a 10 anos, e então pode estabilizar-se por muitos anos. Durante o estágio ativo as mudanças podem ser rápidas.

Em um estágio precoce da doença a perda de visão pode ser corrigida pelo uso de óculos; mais tarde o astigmatismo irregular requer correção óptica com o uso de lentes de contato rígidas. Lentes de contato rígidas promovem uma superfície de refração uniforme e além disso melhoram a visão.

O exame oftalmológico deve ser realizado anualmente ou mesmo mais freqüentemente para monitorar a progressão da doença.

Embora muitos pacientes possam continuar lendo e dirigindo, alguns sentirão que a qualidade de vida é adversamente afetada. Cerca de 20 % dos pacientes eventualmente irão necessitar de transplante corneano.

Qual é a etiologia do ceratocone ?

A etiologia proposta para o ceratocone inclui mudanças físicas, bioquímicas e moleculares no tecido corneano, entretanto nenhuma teoria explica completamente os achados clínicos e as associações oculares e não-oculares relacionadas ao ceratocone.

É possível que o ceratocone seja o resultado final de diferentes condições clínicas. Já é bem conhecida a associação com doenças hereditárias, doenças atópicas ( alérgicas ), certas doenças sistêmicas, e o uso prolongado de lentes de contato.

São encontradas diversas anormalidades bioquímicas e moleculares no ceratocone:

• há um processo anormal dos radicais livres e superóxidos no ceratocone;

• há um crescimento desorganizado dos aldeídos ou peroxinitritos nestas córneas;

• as células que são irreversivelmente danificadas sofrem um processo de apoptose;

• as células que são danificadas reversivelmente sofrem um processo de cicatrização ou reparo. Neste processo de reparação, várias enzimas degradativas e fatores reguladores da cicatrização levam a áreas focais de afinamento corneano e fibrose.

Quais são as estatísticas sobre o ceratocone ?


• incidência na população geral: varia de 0,05 % a 0,5 % *

• distribuição conforme a faixa etária: *
- 08 a 16 anos: 2,1 %
- 17 a 27 anos: 25,9 %
- 27 a 36 anos: 35,6 %
- 37 a 46 anos: 20,1 %
- 47 a 56 anos: 11,7 %
- 57 a 66 anos: 3,0 %
- 67 a 76 anos: 1,5 %

• distribuição conforme o sexo: *
- feminino: 38 %
- masculino: 62 %

• classificação quanto ao tipo do cone:
- oval: 60 %
- pequeno monte: 40 %
- globoso: menos de 1 %

* Fonte: Nova Contact Lenses â

Tratamentos para Ceratocone - Cross-link ou Corneal Cross-Linking


O “Cross-link ou Corneal Cross-Linking” do colagénio corneano é o mais moderno tratamento do Ceratocone progressivo e da ectasia (distensão da córnea) pós-cirurgia refrativa.

Uma das principais causas do Ceratocone é a fraqueza do colagénio da córnea.

Segundo o especialista nesta cirurgia, Dr. Gustavo Bonfadini, o Cross-link de colagénio corneano (CXL) tem como finalidade criar novas ligações covalentes entre as moléculas de colagénio adjacentes, fortalecendo a córnea e estabilizando o Ceratocone. É uma técnica inovadora e revolucionária que veio para reduzir o número de Transplantes de Córnea no futuro próximo.

A ideia original da reação foto-química entre a vitamina B2 (Riboflavina) e a luz ultravioleta A (UVA) para o enrijecimento e aumento da resistência bio-mecânica da córnea foi descrita pelo Dr. Theo Seiler, MD, PhD (Zurique, Suíça), que publicou os primeiros resultados na década de 90.

Informação retirada daqui

Ceratocone - o que é, tratamentos, avanços

Diferença de Visão com e sem Queratocone


Como se desenvolve o Ceratocone


Você sofre de alergias e, por isso, coça os olhos frequentemente? Fique atento! Esta prática prejudica a sua saúde ocular. “Quem costuma mexer muito nos olhos pode desenvolver de ceratocone, uma doença caracterizada pelo enfraquecimento da córnea, fazendo com que ela perca sua esfericidade e adquira o formato cônico”, explica o oftalmologista Luis Fernando Barros.

O especialista esclarece que quem tem histórico desta enfermidade na família deve ter cuidado redobrado. “O ceratocone pode acometer crianças, mas acontece mais frequentemente entre os 15 e 25 anos. Porém, pessoas com familiares que já sofreram desta patologia têm mais chances de desenvolvê-la ao longo da vida”, observa.

Dr. Luis Fernando Barros afirma que, em fases avançadas, esta enfermidade pode causar visão baixa. “O principal sintoma deste problema é o astigmatismo irregular, assim, é comum que quem sofra da doença tenha que trocar o grau dos óculos ou das lentes de contato com frequência. O ceratocone pode, ainda, desencadear a sensação de vista embaçada. Nos últimos estágios da patologia, é comum que os pacientes tenham muita dificuldade de enxergar”, comenta.

O médico ressalta que o tratamento deste problema é feito em três etapas. “Nas primeiras fases, realizamos procedimentos, para fortalecer a córnea, aliados ao uso de óculos ou lentes de contato, para corrigir o astigmatismo. Em casos mais avançados é feito o implante de um anel intra-estromal na córnea. Por meio deste procedimento, conseguimos corrigir as alterações na curvatura deste tecido. O transplante de córnea é realizado em último caso”, detalha.

Para prevenir esta doença, cuide bem dos seus olhos e vá ao oftalmologista com frequência. “Quem não tem o hábito de coçar os olhos tem menos probabilidade de ter ceratocone. Além disso, é fundamental comparecer a consultas oftalmológicas pelo menos uma vez por ano. Desta forma, é possível acompanhar a saúde ocular e iniciar os tratamentos necessários o mais rápido possível”, conclui o especialista.

Informação retirada daqui